"Ás catro da mañá, nunca se sabe se é demasiado tarde, ou demasiado cedo". Woody Allen







miércoles, 4 de marzo de 2009

Carta aberta de Júlio Bejar a Xosé Luís Méndez Ferrín...


CARTA ABERTA DUM SIONISTA A XOSÉ LUIS MÉNDEZ FERRÍN

Por Júlio Bejar
Galicia-Hoxe - 05.03.09

Meu velho amigo, repara nestas palavras:“Ahora comprenderéis los motivos que han llevado a las distintas naciones a combatir y a alejar de sus actividades a aquellas razas en que la codicia es el estigma que las caracteriza, pues su predominio en la sociedad es causa de perturbación y peligro ... Nosotros que, por la Gracia de Dios y la clara visión de los Reyes Católicos, hace siglos que nos liberamos de tan pesada carga, no podemos permanecer indiferentes ante la nueva floración de espíritus codiciosos y egoístas”.

Não as atribuas a representante algum do BNG no parlamentinho negando-se a asinar uma declaração institucional em memória do Holocausto, que são saídas da boca de sapo de Franco Baamonde na perorata do cabo de ano de 1939. Apenas eras uma criança recém nascida, e nem sequer leras no “Arriba” ou no “ABC” nada do “sangue derramado em Palestina” pela voraz hidra judea nem os outros relatos ánti-judeus da prensa do Movimento que seica tanto “marcaron a nosa infancia”.

Certo que desde 1946 e antes, como bem dizes, não deixou de correr o sangue na Terra de Israel –denominação genuína e milenária, pois o de “Palestina”, como tu bem sabes, foi denominação arbitrária e imposta pelo imperialismo da época, o romano, para escarmentar aos levantiscos judeus que não se resignavam a ver esmagada a sua independência nacional. Por exemplo, em 1929 toda a população judea na vila que acolhe a tumba das Matriarcas e os Patriarcas judeus desde há mais de 35 séculos, Hebron, foi borrada a sangue e fogo –ante a indiferença dos mandatários britânicos- num dos pogromos árabes mais eficazes que a história lembra, e do que sem dúvida meses depois Adolfo Hitler tomou boa nota quando se fixo com as rendas na Alemanha.

Não é questão, em tão breve espaço, de intentar um infrutuoso intercâmbio de dados para refutar as inexactitudes históricas que sustentas no teu artigo "Memoria de Palestina" [publicado em Faro de Vigo].. Nem são quem, para além duma pessoa que te professa uma amizade e admiração de velho. E é por isso, precisamente, que não entendo a tua teima em falsear o que ti próprio tens documentado em numerosas publicações como fóbia ánti-judea (unida a uma inquebrantável amizade e colaboração com o bloco árabe durante quatro décadas) da ditadura franquista.

Para os papanatas que intentam tergiversar os factos, sem dúvida, seria muito mais reconfortante que Franco, e os governos de Espanha em geral, tivessem sido prosionistas–como pretende certa “historiografia” progre-, mas a realidade é terca. Aquí na Galiza, sem ir mais longe, temos os exemplos por ti citados das famílias Kuper, Zsbarski, e tantas outras que foram ferozmente repressaliadas. Os judeus durante 40 anos viram proscritas todas as suas instituições religiosas, os matrimónios e sepélios de seu; nenhum judeu puido ser inscrito no Registo Civil sem previamente ser bautizado; as sinagogas claurusaram-se e os seus cimitérios –o de Barcelona, por caso- destruídos. Nessa ilustrada cidade, na que hoje se reclama que os judeus vaiam parar de novo às câmaras de gas, consta documentalmente que os hebreus eram enterrados no solar onde se sepultava aos cães. As penitenciarias de Nanclares de Oca ou Miranda del Ebro, foram morada habitual onde deram com os seus ósos centos de judeus pelo mero facto de sê-lo. E os judeus sefarditas (algum deles de apelido Mendes, de certo) eram vítimas dum feroz seguimento e repressão através do Arquivo Judaico Policial.

Mas entre tanta parda ignomínia também houvo aqui, cumpre reconhecê-lo, pessoas justas entre as nações, como as três irmás Touza de Ribadávia, ou os meus amigos e amigas da AGAI, que têm constituído, e constituem, um facho heróico de posição firme ante a mentira e a barbárie.

Amigo Ferro, tens procurado explicação à vergonhante adesão ao pensamento názi e ao ántisemitismo do Vicente Risco, aducindo que era um homem que no Ourense da postguerra sentia medo. À vista do tenebroso da época hoje podemo-lo comprender -embora não justificar. Mas a mim, que te tenho por um patriota galego alheio de sempre aos ouropeis e as prebendas, faz-se-me muito dooroso e incomprensível que nesta hora de opróbio, em que as mais atrozes ditaduras do planeta unidas de ganchete com o mais imbécil da progressia occidental, proclamam chegada a hora do Armagedão contra a minúscula pátria do Povo Judeu, unas a tua voz ao coro da infâmia

Lamento não ter podido estar o passado 6 de Fevereiro para perguntar-che o por que, na merecida homenagem nacional que recebeste em Vigo. Vaia, contudo, desde a distância a minha adesão pessoal e o afecto que sabes que che tenho.

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