A NOITE E O NEVOEIRO
JEAN FERRAT (1930-2010)
Eram vinte e cem, eram milhares
Nus e magros, trêmulos, nos comboios selados
Que rasgavam a noite com as unhas
Eles eram milhares, eram vinte e cem
Eles acreditavam que eram homens, mas só eram números
Desde muito tempo atrás os seus dados foram jogados
Enquanto a mão cai, só resta uma sombra
Eles nunca mais iriam ver um verão
A fugida monótona e sem pressa do tempo
Sobrevivendo mais um dia dia, uma hora, teimosamente
Quantas voltas de rodas, paradas e partidas
Quem não acabam de destilar a esperança
Os seus nomes eram Jean-Pierre, Natasha ou Samuel
Alguns oravam a Jesus, Jeová ou Vishnu
Outros não oravam, mas que importa o céu
Eles simplesmente não queriam viver de joelhos
Eles não chegavam todos ao final da viagem
Os que voltaram podem estar felizes
Eles tentam esquecer, espantados à sua idade
As veias em seus braços tornaram-se tão azuis
Os alemães enxergavam do alto das torres
A lua estava silenciosa ao igual que vós
Olhando ao longe, olhando para fora
A vossa carne era tenra aos seus cães-polícia
Dizem-me agora que estas palavras não são válidas
Que é melhor cantar canções de amor
Que o sangue seca rapidamente entrando na história
E que é inútil pegar uma guitarra
Mas quem é o suficiente grande para me poder parar?
A sombra tornou-se humana, agora é verão
Eu farei um twist com as palabras se for preciso
Para que um dia as crianças saibam quem eram vocês
Eram vinte e cento, eram milhares
Nus e magros, trêmulos, nos comboios selados
Quem rasgavam a noite com as unhas
Eles eram milhares, eram vinte e cem
***
Último de quatro filhos de umha modesta família que se instala em Versalhes em 1935, (...). O seu pai é joalheiro e a sua mai florista. Durante a guerra, o seu pai Mnacha Tenenbaum, que é judeu, é deportado polos nazistas e morre em Auschwirtz. Jean Ferrat tem onze anos quando perde o seu pai. Ele é entom escondido por uns militantes comunistas.
A cançom Nuit et Brouillard é dedicada ao pai.
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